CCP -- Triste e inglório final
Apenas 12 mil pessoas em cinco milhões de emigrantes
votaram para o Conselho das Comunidades
Cerca de 12 mil portugueses no estrangeiro votaram domingo nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), número que é uma minoria em relação aos cerca de cinco milhões de emigrantes.
De acordo com dados do gabinete do secretário de Estado das Comunidades, o país com maior número de votantes foi Macau (2.630), seguido de França (2.250), da Venezuela (1.026) e dos Estados Unidos (909). De destacar também que na Finlândia e na Noruega houve apenas dois votos, no Uruguai, na Irlanda e em Timor-Leste votaram três pessoas e na Itália, Grécia e Áustria não votou ninguém. Os números avançados pelo gabinete do secretário de Estado das Comunidades englobam todos os votos (válidos, nulos e brancos).
De acordo com fonte da Embaixada no Luxemburgo das 59.416 pessoas com capacidade eleitoral foram votar 745, das quais quatro votaram em branco e outras quatro tiveram os seus votos anulados.
Na Alemanha, onde a abstenção foi de 99,5 por cento, a única lista concorrente pelo círculo de Berlim e Hamburgo obteve 63 votos, tendo-se ainda registado seis votos em branco e um voto nulo.
No círculo de Dusseldorf, Frankfurt e Estugarda venceu a lista A com um total de 514 votos, Do total de inscritos nos cadernos eleitorais (132.092) votaram apenas 655 pessoas.
Na Venezuela, registou-se um número recorde de votantes - 1.178 pessoas, mais 115 por cento do que nas anteriores eleições para o CCP, em Março de 2003. No entanto, segundo fontes consulares, pelo menos 150.000 portugueses estão habilitados para votar, em Caracas.
Na Venezuela existem duas circunscrições consulares; Caracas, que apresentou quatro listas, cada uma com quatro candidatos principais e quatro suplentes, e Valência, que elege um conselheiro mas não apresentou candidaturas.
Em Macau, ao longo do dia, e com 118.944 inscritos no consulado-geral de Portugal em Macau, votaram 2.630 pessoas das quais 23 votaram em branco e 67 acabariam considerados nulos.
Pereira Coutinho disse que a diminuição do resultado da sua lista em 2008 face a 2006 (na altura teve 3.600 votos) é explicado com o facto de existir apenas uma única lista candidata às eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas.
A.P.E.
O nosso comentário
CCP com fim à vista pelos seus próprios erros
O presidente cessante do Conselho das Comunidades Portuguesas veio a público, precisamente no dia das eleições, fazer o tipo de comentários que impunha terem sido feitos na altura em que o acto eleitoral foi marcado. Ou seja, meses atrás.
Na verdade, aconselhava o bom censo que, sabendo-se bem do que nos ensinou o passado recente, se deveria ter acautelado todos os meios possiveis de divulgação que o acto em si impunha, exigindo-se da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas garantias categóricas no sentido de serem dadas aos postos consulares envolvidos nas eleições ordens rigorosas para fazerem uma publicidade profusa entre as comunidades portuguesas.
Isso não foi feito, entretanto, porque elementos "iluminados" do Conselho Permanente se distrairam com outros assuntos, com colóquios inoportunos e acções de pura cosmética publicitária que, por isso mesmo, comprometeram ainda mais o futuro deste orgão de consulta dos portugueses residentes no estrangeiro.
O que Carlos Pereira veio dizer é verdade, mas peca por tardio. O que Carlos Pereira se esqueceu de dizer, e teria sido importante reconhecer isso, é que estas eleições iriam ser uma farsa descarada, tanto mais que os ecos que nos chegavam de vários países, com observadores a denunciarem caciquismos e compadrios que visavam manter desinformados os potenciais eleitores, indicavam já um cenário de desinteresse absoluto.
Anunciam-se resultados da votação, com niveis baixíssimos, tendo em conta o aumento da emigração e o apelo ao registo consular. Confirma-se a não existência de candidatos em paises como Espanha, Holanda e Andorra, que, quer se queira quer não, contaram antes com conselheiros combativos e conhecedores. Nota-se o facto de noutras áreas aparecer apenas um candidato, o que revela absoluto desinteresse. Desaparecem, desiludidos e desgastados, nomes importantes, vozes reconhecidas consideradas que gritaram em defesa dos nossos compatriotas. E chega-se aqui, a este beco quase sem saida.
E a pergunta que se coloca nesta altura é simples: mas afinal porque é que o CCP chegou a este ponto? Terá sido por algum concluio macabro organizado no Largo do Rilvas? Ou pela infiltração de "agentes sabotadores" e destabilizadores que ao longo de muitos meses foram avisando dos perigos que se corria ao enveredar-se por actuações débeis e mansas?
Aquelas conjecturas já as ouvimos algumas vezes, mas nenhuma delas cola, nenhuma delas faz sentido. Porque os verdadeiros responsáveis pelo estado a que se deixou chegar o Conselho foram precisamente os próprios conselheiros. Uns porque são conselheiros acácios e estão lá apenas para alimentarem o seu ego; outros porque não têm força nem conhecimentos ou seguem à risca as ordens do partido e, por fim, aqueles que tentaram utilizar o CCP para a rampa de lançamento das suas ambições políticas pessoais.
Uma catadupa de impugnações, denúncias e acusações surgem de muitos locais. Ameaças de pedido de anulação também se ouvem. Mas um facto é evidente: muitas listas não cumpriram com a questão da paridade e, á luz da actual Lei, terão de ser eliminadas. Responsabilize-se quem se quiser mas as leis são para serem cumpridas. Custe o que custar.
E agora? Bom, agora os verdadeiros responsáveis, já se está a ver, lavam as mãos como Pilatos e assobiam para o lado. Ou então, como neste caso em apreço, lançam umas "bocas" desatempadas que cobre ainda mais de ridiculo o próprio CCP.
CCP -- Triste e inglório final
A.P.E.
quarta-feira, abril 23, 2008
CCP -- Triste e inglório final
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