domingo, março 09, 2008

O Presidente Tomaz Lima falou sobre o Bicentenário da chegada da Família Real durante a solenidade da Fortaleza de Santa Cruz

Excelentíssimo Senhor General-de-Divisão Rui Monarca da Silveira – Comandante da Primeira Divisão de Exército, autoridades presentes, convidados da Colônia Portuguesa e Comunidade Luso-Brasileira, senhoras e senhores que nos honram com a vossa presença.

Dia 7 de março de 1808. A Corte chegou!
Uma guinada no destino do Brasil.

Entre ser derrotado por Napoleão ou ver o Brasil invadido pela Inglaterra, o Governo Português escapou dos dois. Transferir a Corte foi a melhor opção.

Dois séculos se passaram desde que, no continente europeu, o Bloqueio Continental, decretado por Napoleão Bonaparte, em 1806, deixava Portugal, tradicional aliado da coroa britânica, em indesejável situação geopolítica. Se, por um ataque francês por terra, por outro, não podia simplesmente romper com a Inglaterra. A indiscutível supremacia marítima britânica inviabilizaria as comunicações entre Portugal e Brasil – principal colônia lusitana, de cuja exploração dependia a própria sobrevivência econômica da metrópole portuguesa.

O agravamento da situação se deu quando, em agosto do ano seguinte, o governo francês enviou um ultimato a Portugal: ou aderia ao Bloqueio Continental ou seria invadido. Diante da negativa do Príncipe Regente D. João, o general francês Junot, em 19 de novembro, invadiu Portugal e marchava em direção a Lisboa, sede do reino.

Não restou alternativa senão colocar em execução o plano que havia sido cuidadosamente engendrado: fazer as malas, zarpar em direção ao Vice-Reino do Brasil, atravessar o Atlântico e estabelecer o Reino Português em terras da América.

Assim, a 29 de novembro de 1807, escoltada por navios de guerra ingleses, a frota portuguesa levantou âncoras em direção ao nosso país.

Nas palavras do historiador Paulo Macedo Carvalho “É um equívoco interpretar-se a transferência da Côrte Portuguesa para o Brasil como mera fuga. Fora bem planejada, com bastante antecedência. Não se tratara de improvisação. A genial mudança de governo, com seu acervo histórico e os meios indispensáveis à administração, atesta isso”. Já Pedro Calmon afirma que “não se mudara apenas a Côrte, mas o Estado”. O historiador Oliveira Lima nos assevera que “A transladação da Côrte para o Rio de Janeiro deve ser considerada mais uma manobra política e feliz do que deserção covarde”.

A transferência do Estado Português para o Brasil foi fundamental para que nosso país pudesse encaminhar seu processo de emancipação política. O primeiro passo nesse sentido foi dado poucos dias após o desembarque de D. João no Brasil. Em 28 de janeiro de 1808, ainda em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, decretava-se, por Carta-Régia, a abertura dos portos brasileiros “a todas as nações amigas”.

Em 07 de março de 1808, portanto há 200 anos, a Côrte portuguesa entrava pela Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro. Era a primeira vez que uma casa real européia iria se instalar no Novo Mundo. O soberano português foi o único rei europeu a visitar seus domínios na América.

As realizações do Período Joanino no Brasil foram inúmeras. O coroamento das mesmas deu-se em 1815, quando o Brasil foi elevado a Reino Unido a Portugal e a Algarves. Com tal medida, o Brasil deixava de ser uma simples colônia, equiparava-se a Portugal e – mais que isso – tornava-se a sede do Reino Lusitano.

As comemorações do bicentenário da transferência da Côrte Portuguesa para o Brasil ressaltam para as gerações de hoje os acontecimentos e as características ímpares da formação da nossa nacionalidade, onde desponta D. João VI como estadia, cujas decisões contribuíram, consideravelmente, para a condução do processo de independência do Brasil, unido pelo território e pelo idioma até os dias de hoje, nação soberana, respeitada, íntegra, coesa e cristã.

Falando em nome do Centro da Comunidade Luso-Brasileira do Estado do Rio de Janeiro, dedicamos os nossos mais sinceros agradecimentos ao empenho do Comandante da Artilharia Divisionária da 1a Divisão de Exército General João Camilo Pires de Campos, por esta cerimônia, onde revivemos, todos juntos, aqui na Fortaleza de Santa Cruz da Barra, um momento histórico tão marcante em nossa história.

Muito obrigado a todos!
Viva o Brasil! Viva Portugal!

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